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domingo, 20 de dezembro de 2009

Felicidade



Era mais um dia normal, tão normal que eu estava começando a me irritar com a calmaria de tudo e decidi sair pra uma caminhada, o plano - no ínicio - era dar uma volta no bairro e nada mais, mas eu atravessei este e continuei andando, em direção ao centro daquela cidade de interior, enquanto eu andava nada passava pela minha mente, nenhum problema, nenhuma dúvida, nenhuma indagação.
Passei pelas lojas sem observar as vitrines, pelas pessoas sem reconhecer nenhuma, sem encarar nenhuma. Eu olhava pras nuvens e sorria.
Andava e em nada pensava, acho que não existe melhor sensação do que essa, a de não pensar.
Cheguei a uma das inúmeras pracinhas que existem lá, sentei-me em um banco e lá fiquei, observava as pessoas saindo das lojas com muitas sacolas, as crianças chorando por um brinquedo e a mãe mandando elas ficarem quieta e continuarem a andar. Continuar a andar, nunca parar, afinal, na vida é preciso chegar em algum lugar...e isso é impossível de ser feito se ficarmos parados.
Enquanto retratava a vida interiorana da cidade ouvi a música do sorveteiro, sim sim, música; e de repente me veio o desejo de comprar um. Como num impulso levantei e fui até o carrinho de sorvete, escolhi um de chocolate - escolha classicamente infantil. Voltei ao banco e a minha atividade anterior, quando uma senhora, de cabelos branquinhos e vestido azul-céu falou comigo:
- Mas você ainda está aqui? Pensei que quando se levantou seu namorado tinha chegado.
- Eu não tenho namorado, senhora. O que a fez pensar isso?
- Oras, uma moça, sentada numa praça por tanto tempo deve estar esperando alguém, e com certeza um rapazinho.
- Não, não, a senhora está enganada, apenas me sentei aqui pra observar as pessoas e o movimento.
Mas ela não estava mais ao meu lado, do mesmo jeito que surgiu, desapareceu. Eu fiquei sem entender algumas coisas da cena que acabava de acontecer, mas percebi que enquanto observava a vida das pessoas e tentava descobrir seus problemas também estava sendo observada e era uma dúvida na cabeça daquela senhora, porém eu não me abalei com nada disso, nada mais importava, eu tava feliz e isto realmente é importante! - principalmente pra mim.
Levantei-me, joguei o palito do sorvete no lixo, e voltei pra casa. Dessa vez eu olhei as roupas nas vitrines, as espressões nos rostos das pessoas e uma pergunta me veio à mente: "O que é necessário para ser feliz?", ri imaginando as possíveis respostas dos meus amigos, e por fim, pensei na minha.
Uma caminhada e nada para se pensar, isso já forma uma grande parte da felicidade.

Pauta para o OUAT

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