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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dan Novachi


Eu sinto falta de te ver toda manhã, indo pra fila do ônibus com o seu andar de passarela e suas roupas reformadas de brechós. Sinto falta do seu dom de me fazer ficar bem com um abraço. Sinto falta de deixar cartas pra estranhos nos ônibus. Sinto muita falta da sua presença quente enquanto eu durmo no caminho de volta pra casa. Sinto falta de quase morrer atravessando a rua.

Seu modo de andar rápido; de sempre me fazer tropeçar nos seus pés nada pequenos, sua mania de começar a dançar comigo no meio da rua, no meio da escola, no ponto de ônibus; tudo isso faz uma falta imensa.

Você sempre sabe como eu estou me sentindo sem que eu te fale. Você simplesmente sabe.

Outro dia, voltando pra casa, eu lembrei quando sentei com você no pátio. Você estava triste. Tinha prometido mudar, mas não conseguiu. E eu te disse que mudanças levam tempo, não podemos controlá-la, por mais que imploremos. Ela tem seu ritmo. Você me abraçou e disse que eu realmente te entendia.
Mas é você que me entende. Quando interpreta as cartas do tarô com a minha perspectiva de mundo, quando sabe o que eu sinto, quando me dá conselhos. E eu sei que estes são pro meu bem, por mais que eu me revolte, eu sei que você sabe do que preciso.

Difícil são as pessoas que encontram anjos em suas vidas. Você é meu anjo. Não desista de mim, nunca. Eu ainda sou aquela garota da matemática e dos livros, fã de Asne e Fantasma da Ópera, aquela que você insiste em dizer que é princesa.

Me desculpe. Eu te amo mais que tudo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É primavera.


O vento passa com uma pressa inintendível, jogando flores amarelas e rosas das árvores no asfalto cinza e frio. Faz calor e pássaros cantam junto com os motores dos carros. Caminho no meio disso tudo com nada em minha mente, nenhum problema, nenhum romance e nenhuma lembrança.
O inverno se foi, parecia nunca ter fim; apesar de longo, foi bom, mesmo com os problemas que me fizeram chorar no meio da noite várias vezes e de achar que estava apaixonada.

Músicas, pessoas e ideias novas invadiram meu cotidiano. Risos na frente do computador, nas madrugadas de sábado, ou até mesmo aquela discussão inútil com o meu romance de estação, que me fez pensar e xingar o mundo por uns três dias, tudo isso foi bom.
O inverno prometeu muito. Não cumpriu, mas deixou as coisas ajeitadas, tudo organizado e etiquetado. Agora chegou a primavera, não espero por nada dela, mas sinto que tudo irá mudar, pra melhor. Afinal, já está tudo encaixotado.

Afinal, é primavera.

sábado, 4 de setembro de 2010

Far away


O dia passa, sem vento, nem frio nem calor, nem bom nem ruim, apenas passa; e eu passo por ele com o pensamento longe, quilômetros - talvez anos-luz - de onde realmente estou; mas faço isso apenas porque não consigo entender o que acontece a minha volta, ao meu alcance. Mais nada faz sentido pra mim.

Aquela amiga que brincava de elástico comigo na 3° série agora está ocupada em casa, cuidando da filha que chora no meio da noite; aquela professora que me ajudava nos exercícios complexos de português na 7° série, agora descansa em paz; aquela minha melhor amiga da 1° série passa do meu lado todo dia e não me reconhece. E isso é apenas o passado voltando.

Não entendo como a lembrança daquele abraço - o melhor presente de 15 anos que eu poderia receber - voltou e me fez sentir uma saudade monstruosa daqueles braços e perfume em mim; como pólos vermelhas me deixam com uma sensação estranha; como ver casais brigando me deixa feliz.

E assim, desse jeito distante e menos confuso do que poderia ser, eu vou passando pelos dias, que passam lentamente, e que mudam minha visão, opinião e sentimentos. Mas ainda não sei se isso é bom ou não, estou um pouco longe pra avaliar o tamanho do estrago que isso está causando.

Quando eu reunir coragem suficiente eu volto, faço uma avaliação, vejo os estragos, pago as contas e volto a viver por aqui.