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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Medo, estação e filmes de terror.


Uma caneca cheia de café, aquela blusa larga e quente da minha mãe. É assim que minha quarta-feira começa. Não faz sol, o vento é gelado e puro. Esse clima me faz bem, me faz relaxar e querer ficar sozinha. Aquela solidão boa que tanto procuro.
Adoro o final das estações, quando elas se revoltam para as pessoas perceberem que elas ainda não foram, pra avisarem que ainda não é verão.

O café está forte, quente porém não muito doce. Sento em minha sala e observo a rua. Como quero sair por aí, correndo, sentindo este vento gelado no rosto, com o cabelo voando e batendo no meu rosto. Sentir o fim de estação, dizer que sei que ainda não é verão. Mas tenho medo.

Tenho medo de sair, olhar pro céu e ver uma lua de filme de terror. E me lembrar de você, fugindo do clichê, fugindo do mundo comigo, me abraçando e dizendo que a lua está linda, como...como num filme de terror.

Tenho medo de me dar conta que ainda não te esqueci, que quando não tenho nada pra fazer pego minha caneca com café e lembro daquele dia. E me pegar rindo sozinha quando lembro do frio que senti quando te encontrei. E não era frio de fim de estação.

Tenho medo de saber que frio era esse.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A morte.



Hoje não é um bom dia pra morrer, o sol está radiante, o céu azul e o vento, este passa constantemente. O dia está para viver. Mas esse vazio me persegue e me pergunto, quando será um bom dia? Somos nós que decidimos? E como será que morremos?


Será a Morte universal, com seu manto preto e sua foice? Não parece a roupa certa pra essa cidade, esse país. Talvez a Morte não exista, exista apenas o morrer. Criamos a imagem de uma pessoa pra esse verbo, porque não podemos morrer por palavras. Talvez cada um tenha a sua Morte, pra mim ela pode ser alta, magra, com as unhas vermelho negro. 


Talvez morrer seja relativo e não tenha melhor hora. Talvez o verdadeiro morrer seja quando você sobrevive. Quando seu coração bate forte antes do primeiro beijo, talvez essa seja a melhor hora pra morrer, quando por alguns segundos nada passa em sua mente. Daí o verbo ou a sua Morte ou a Morte universal te mata, te puxa delicadamente pelo braço, com suas unhas vermelho negro. Ou talvez bruscamente. Ou simplesmente te passe uma rasteira. Pra você conseguir se erguer, se esquivar. Se preparar pra quando não sobreviver. 


Mas de um jeito ou de outro, por imagens, pessoas, momentos ou palavras, você morre. Mais do que espera, mais do que todos dizem. Você morre pra sobreviver. Ou pra realmente morrer.