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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dia ou noite?




Se você me perguntar pensarei que prefiro o anoitecer, que prefiro o céu depois do temporal.
No anoitecer o céu tem uma mistura de cores - roxo, laranja, rosa e azul - que nenhuma Faber-Castell é capaz de reproduzir. O céu depois de um temporal fica limpo e puro, de um azul que acalma e faz filosofar.
Eu gosto do verde-mar do olhar alegre e misterioso que vejo na nova face da vida. Gosto do claro e do escuro junto, do meio termo, sempre.
Mas responderei que prefiro o dia, que é quando tudo está vivo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Espontâneo




Ela nunca se sentiu tão feliz quanto agora, ontem ela andava pelas ruas seriamente, já hoje ela anda sorrindo. As pessoas que a conhecem a um tempo perguntam qual é o motivo para essa mudança, a razão para toda essa felicidade. Ela não sabe, nada em sua vida mudou.
Bom, talvez essa não seja uma verdade, algumas coisas mudaram, mas foram detalhes, a vida em si continua a mesma.
Talvez sejam as sensações que tornem seu mundo melhor.
O arrepio que dá em sua nuca quando ela pensa nele; o modo como sua imagem aparece todas as vezes em que fecha os olhos; o frio em sua barriga quando o vê aproximar-se; o tremor que surge em suas mãos quando ele a abraça. Mas, com absoluta certeza, o que mais a abala é o modo como procura seu olhar cintiliantes, e quando o acha, vê que este já a havia encontrado e então ele abre um sorriso fascinante, daqueles realmente capazes de arrasar corações. Coração. O dela.
Todos esses sentimentos colorem seus dias e assim ela vai vivendo feliz, com todos a questionando o porquê.
Enquanto isso, sem perceber, ela vai se apaixonando.

sábado, 21 de novembro de 2009

Basta fechar os olhos.




E nesses dias eu sinto uma necessidade de classicismo, de retrô, preciso ter em mente que o mundo não muda num intervalo de dezesseis anos, ou minutos. Preciso que tudo continue a ser como sempre foi.
Mas não é assim que funciona, tudo muda, e eu perco o controle sobre isso, as pessoas vão e vem na minha vida, as amizades surgem e desaparecem na mesma velocidade. Isso é errado, amizades verdadeiras deveriam demorar um pouco mais pra se solidificar, e um pouco mais para perecerem. Mas o mundo muda, ele gira, não importa o quanto eu implore pelo contrário. Ele gira, e muito rápido.
Enquanto eu quero sentar e admirar a paisagem, pessoas nem sabem o que é paisagem. Enquanto eu quero paz, elas querem agito. Mas o que acontecerá quando elas pararem? Quando perceberem que tudo mudou e elas não conseguiram acompanhar?
Talvez elas não parem, apenas continuem vivendo de olhos fechados, nos seus mundos individualista e egoísta.
Eu tento ser altruísta, mas esse mundo, essas pessoas, estão me envenenando.

domingo, 15 de novembro de 2009

Até que a morte os separe.



1968. Mais um casal de namorados estava se casando, jurando seu amor perante todos seus amigos, e Deus. Um mais novo casal na cidade de São Paulo.
Almir e Ruth viveram felizes durante 34 anos, sem nunca terem problemas. Foi quando ele passou mal, foram ao médico e depois de muitos exames este declarou que era uma doença muito grave e que Almir não viveria para o próximo ano. Aos poucos ele foi piorando, até não ter forças pra sair de cama, e assim, a cada ano o discurso era repetido pelo médico, durante 7 anos.
Até que o discurso se fez verdade. Almir foi hospitalizado, Ruth ficou ao seu lado todo o tempo, como havia jurado, na saúde e na doença.
- Não fique triste por mim - disse Almir - quero que saiba que aquela foi a melhor época da minha vida, quando você disse sim na igreja, você foi a melhor época da minha vida. A partir do nosso encontro você passou a ser a melhor coisa na minha vida, esses ultimos 41 anos foram os melhores da minha vida.

Ruth o beijou, do mesmo jeito que se beijavem a 41 anos, do mesmo jeito que se beijaram quando o primeiro filho nasceu, do mesmo jeito que se beijaram quando o segundo filho morreu com apenas alguns dias de vida. Eles se beijaram do mesmo jeito do primeiro beijo, quando o irmão de Almir foi atender a porta e eles rapidamente encostaram seus lábios.
Enquanto ela se lembrava de tudo isso, estavam abaixando o caixão de seu marido para a cova, ela sentiu o desespero subir do seu peito até irromper num grito, num pedido para que todos parassem o que estavam fazendo.
Mas era tarde, a primeira pá de terra havia sido atirada.

Descanse em paz, Seu Almir.


Pauta para o OUAT
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2° lugar

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

À flor da pele.



Nada mais me motiva, apenas vivo a intensidade das coisas que me rodeiam, não me dou mais ao trabalho de pensar em como agir ou como me expressar, cansei disso tudo, as pessoas que entendam o que não querem entender.
Pessoas que acabam me decepcionando e continuam agindo como se nada tivesse acontecido, isso me irrita. Pessoas que falam uma coisa na minha cara, mas invertem toda a história pra contar pra mais alguém, isso me irrita. Pessoas que me julgam pelo meu jeito externo, pelo meu humor desses dias, isso me irrita. Se querem continuar a ter o mesmo conceito pra mim, se querem saber o que realmente aconteceu, se querem me conhecer antes de julgar, à vontade, é só perguntar que eu responderei, mas o que realmente me tira do sério é buscarem a informação por terceiros.
Hoje foi o meu dia da corda bamba, tantas coisas boas e ruins - mais ruins do que boas - me aconteceram, mas que consegui me equilibrar...até certo ponto. Porque no fim não se pode correr do que tem que acontecer.
Mas ainda assim pergunto, quem irá salvar meu dia?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Se você precisar de ar, eu paro de respirar



"Aaaa, que bosta, outro texto pra amiga dela".
A amiga é minha e eu escrevo o quanto eu quiser, morô? xD
Só me deu vontade de escrever coisas bunitinhas sobre alguém, e me veio ela na cabeça.
Bom, tirando o fato de eu ser o novo caderno de desenho dela e de ela estar sempre estressadinha agora por causa das provas, eu a amo.
A amo por que ela simplesmente não sabe disfarçar nada...sempre para no meio do caminho, faz aquela cara de criança de quatro anos do tipo " o Fê tá ali, vc vai ficar brava se eu for lá com ele?", dai eu faço aquela cara de "whatever" e ela sai correndo saltitando atras do outro...ou até mesmo quando ela tenta harmoniar todo mundo no mesmo lugar, sabe? Melhor amiga e namorado...conversando comigo e agarrando ele, tá eu sei que são com as melhores intenções que ela faz isso, mas nem rola.
Bom, terminando, o objetivo real e total desse texto é dizer que se você precisar de ar, eu paro de respirar.

Te amo criança.

domingo, 8 de novembro de 2009

O Salto



A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato – pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente – você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de sua necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas – mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.
Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte – quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo – o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão –, mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.




Antônio Prata

sábado, 7 de novembro de 2009

Irrevogavelmente




Ela o viu chegar, sentiu que com ele viriam as brigas - o assunto de ontem não havia terminado. E enquanto ele percorria o espaço que os separava ela se lembrou do dia em que se conheceram...
Primeiro dia de aula: aquele clima de estranhismo na sala. Ele chegou atrasado; pediu licença com um sorriso - que passaria a ser seu favorito. O jeito como procurou um lugar vago e acabou sentando ao seu lado foi inesquecível, a imagem de seus olhos confusos associava-se ao cheiro da colônia dele. Depois disso, apenas flashes: a vez que tropeçou na porta da sala e ele a segurou pelo braço; a primeira conversa; a primeira confissão; o primeiro beijo - depois de um final de semana prolongado eles se encontraram. Ele estava bronzeado e seus olhos claros tinham um brilho novo, então a abraçou e disse: "Senti saudades" - no segundo depois eles estavam se beijando.
Ela sacudiu a cabeça. Estava sonhando acordada! Ele já havia chegado e começava a falar.
- Só quero te perguntar uma coisa. Você acredita em mim? Porque eu acredito em você! Nunca duvidei do seu amor!   
 - Não sei... - respondeu chorosa - não consigo organizar meus pensamentos...
Ele a abraçou. Conseguia transformar todas as suas dúvidas em certezas. O mundo parou por alguns segundos. Ele a amava, irrevogavelmente.

Pauta para o OUAT.

domingo, 1 de novembro de 2009

Verão



Dias quentes, risadas e sorvete, o verão está voltando e sinto que este começo de estação será muito diferente que a um ano atrás. Sem querer relembrar tempos horriveis num contexto incerto.
Depois de uma reciclada de assuntos, papéis e amigos, sinto que estou ao lado das pessoas certas, espontaneamente boas e realmente amigas.
Eu que nunca gostei muito do verão estou ansiando que este venha com todo seu calor e brilho, e me recicle.
Com menos decepções, com uma maior cumplicidade com os amigos que restaram, ou os novos, espero que o verão me faça brilhar (: