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domingo, 20 de setembro de 2009

Com gosto de capuccino II



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Ela escreve sobre a sua vida, sobre os seus sentimentos no momento, e assim que completa a folha percebe que não sente mais nada disso. Ela não quer mais se deitar no asfalto, não quer ver o mundo de baixo, ela quer voar e se sentir livre.
Na poesia do concreto ela vê os grandes edifícios, ela os vê rasgando o céu, escolhe o mais alto e sobe...lá ela vê o mundo de cima, nem consegue acreditar em como tudo é grande e cinza.
Ela consegue tocar os aviões, basta erguer os braços; uma nuvem vem e à engloba, parece uma leve garoa em seu rosto, ela sente uma sincronia que só existe entre ela e o mundo. Ela imagina a poesia de concreto e vidro sob a luz do sol, só imagina, pois hoje está nublado, tanto por fora quanto por dentro.
Senta-se à beira do precípicio e observa a paisagem e então ela o vê...
Ele é aquele que os troianos o salvaram da morte e que os gregos retrataram como Zeus, ele olha pra cima, o único que anda sem encarar o chão, ele a vê, ela não pode acreditar, está muito acima da visão humana, mas ele a vê.
Ela levanta-se e observa pela última vez aquela visão do mundo e quando olha para baixo ele se foi, não existe mais, ela nem sequer pode acreditar, escreve sobre isso no seu livro e o joga.
O joga porque não vale mais a pena escrever a vida se ele não fizer parte desta, ela se vira e vê as escadas, é hora de descer para a realidade.

Um comentário:

  1. Bom, eu li todos os seus textos que eu ainda não havia lido...

    Eu compreendi e adentrei o sentimento de todos e por isto gostaria de dar - lhe os parabéns.

    É impressionante o fato das pessoas sentirem melhor pelas letras, o mesmo comigo bem o sabes.

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