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domingo, 4 de abril de 2010

Acredite.


Ela tirou o sapato caro de salto, sem eles era bem mais fácil correr. Levantou a barra do vestido longo, isso também facilitava. Corria sem rumo, sem nada na mente, apenas com os sapatos numa mão, a barra do vestido na outra e lágrimas caindo junto com seu rímel pelo rosto, borrando o resto da maquiagem. O penteado se desfazia enquanto o vento úmido do começo da madrugada batia em seu rosto.

Quando olhou em volta estava na praia, seus pés estavam se afundando na areia e a água refletia a luz da lua. O silêncio e a solidão a dominaram de um modo que, pela primeira vez naquele dia, a fez sentir-se bem. Começou a caminhar com os pés ora afundando na areia molhada, ora sendo lavados pelas águas salgadas e oceânicas.
Foi quando percebeu que não estava sozinha, um homem jovem caminhava ao seu lado, com o terno pendurado em um só ombro e com o nó da gravata desfeito. Ela não se importou, ele também não, continuaram caminhando, lado a lado, sem dizer uma só palavra. Ele parou e sentou-se, ela repetiu o movimento...não sabia explicar, mas algo os unia.

As horas passaram, correram ou se arrastaram, e eles se conheceram, conversaram e viram o sol nascer. 
Faziam um belo casal, os dois com roupas de festa, sem sapatos, abraçados, admirando o nascer do sol.
Ele levantou-se,a  realidade o estava chamando.
- Nunca mais vamos nos ver... - ela disse.
- Claro que vamos.
- Não vamos não, hoje a tarde estou voltando pra capital.
- Mas isso não significa nada. Não acredita na vida? Ela nos uniu, mesmo que por algumas horas. Acredite e ela nos unirá novamente.

Ele se agachou, a beijou e foi embora.
Ela ficou com o que ele disse na mente. E seu relógio no pulso.Desligou-o. Quando eles se reencontrassem ela devolveria, e nele estaria marcada a hora em que se despediram pela primeira vez.

Um comentário:

  1. Eu diria que bem mimimi <3 Gostei particularmente da forma de descrever...

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